o prazer da mesa

Mini-localidade (não chega a ser um sítio na rede) dedicada ao ténis de mesa nas sua múltiplas vertentes. Divulgação altruísta e exibicionismo vão de um praticante do INATEL que também é jornalista.

domingo, fevereiro 04, 2007

“Capotes” deram bastante jeito, obrigado!

A Oeste nada de novo, senhores leitores. Luís Graça e Jorge Roxo continuam a sua entusiasmante saga de (in)sucessos. Mais uma jornada, mais uma viagem.
E se até nevou em Lisboa, imaginem como estava a temperatura ambiente do pavilhão do Inatel na noite de 29 de Janeiro de 2007. Fresquito!...
Por isso mesmo, queríamos agradecer aos adversários que ao longo da noite nos foram presenteando amavelmente com alguns “capotes”. Nada melhor do que uns “capotes” para aquecer a alma.

Com o frio, uma simples bola proveniente de um “smash” pode mesmo aleijar, se bater num dedo. Claro que não é dor que dure mais de cinco segundos, mas nesses cinco segundos dá para dizer umas asneiras.
Por isso, os balneários cheiravam mais a linimentos e pomadas do que nos outros dias. Luís Graça, pomado-dependente, este ano nem tem posto o seu querido Flameril Gel. Por uma questão de preguiça.





















Obviamente, alguns mesa-tenistas apareceram no recinto vestidos com casacos e calças de fato de treino. Como também é óbvio, os árbitros incitaram-nos a um “strip-tease” regulamentar, para que pudessem actuar de “corpinho bem feito” (só camisinha e calções). Cumprindo os regulamentos à risca, nem no aquecimento os atletas podem estar de fatos de treino. Mas o bom senso e o diálogo devem imperar e a saúde está primeiro. Assim, vários pares actuaram de “vestidos de noite”, com a anuência dos adversários e dos árbitros.
Apesar disso, ainda houve alguns diálogos mais acalorados com a arbitragem, por causa do frio. Não se chegou aos insultos nem às vias de facto, por causa dos fatos. Mas as vozes elevaram-se um nadinha.

Com o frio, escusado será dizê-lo, é mais fácil uma pessoa lesionar-se. No meu caso, concretamente, posso afirmar que tenho algumas dores nos joelhos (principalmente no esquerdo), ainda que não sejam nada de preocupante. Resultado dos “sprints” laterais característicos dos jogos de Pares. Há muito mais travagens e pára-arranca do que num jogo de Singulares. Só não se gasta gasolina.
Jorge Roxo acusou uma pequena torção na região dorsal, após uma série de jogos consecutivos, o que impediu a nossa equipa de adiantar um encontro para a jornada seguinte.



Vamos então aos (tristes) factos.





















Primeiro jogo da noite frente à dupla Luís Esteves/Paulo Malva, dos Bombeiros Voluntários de Alverca.
A dupla Luís Graça/Jorge Roxo actuou desinibida, pois a diferença de nível é enorme. A derrota por 8-11, 8-11 e 3-11 mostra a clara superioridade adversária. O parcial que corresponde melhor à realidade é o de 3-11.
Luís Graça continuou a apostar em serviços muito agressivos, bola corrida em top-spin, para o fundo da mesa (falhou apenas um serviço na noite toda). Mas Luís Esteves não se deixou impressionar e muitos ataques vieram a seguir aos serviços de Luís Graça, deixando Jorge Roxo sem qualquer hipótese de blocar com êxito os “smashes” cruzados ou à linha de Luís Esteves.
Paulo Malva subiu de produção ao longo do jogo e no terceiro “set” o domínio dos alverquenses foi total.
Equilíbrio vincado existiu apenas até meio do primeiro “set”.

















Seguimos para bingo. Segundo encontro da noite.
Como a “floresta de ilusões” de Luís Graça e Jorge Roxo ainda não tinha ardido totalmente, foi com alguma esperança que se dirigiram para a mesa, a fim de defrontar a segunda equipa de “bombeiros”: Ricardo Cruz/Rui Vicente, acabadinhos de triunfar por 3-2 na mesa adjacente, após uma emocionante “negra”.
Afinal, Jorge Roxo triunfara sobre Rui Vicente no Distrital de Singulares(Vicente chegou às meias-finais) e Luís Graça perdeu apenas por 3-2 com Ricardo Cruz, depois de ter estado a vencer por 2 sets a 0 e 7-2 na “negra”, para acabar derrotado por 3-2.
Mas no ténis de mesa o todo não é igual à soma das partes.
Os serviços de Luís Graça causaram muitas dificuldades a Ricardo Cruz no encontro de Singulares, mas em Pares a história é totalmente diferente. O posicionamento dos adversários é diverso e não há necessidade de cobrir a mesa toda na altura da recepção ao serviço. Nem sequer é possível, para começar e acabar a conversa!..


O nosso par deu a luta possível e equilibrou as operações nos três “sets”, mas nas alturas decisivas faltou-nos sempre “um bocadinho” para levar a nau a bom porto.
Luís Graça foi completamente ineficiente no bloco e bastante permeável na recepção aos serviços (principalmente de Ricardo Cruz). Jorge Roxo esteve melhor nestes dois aspectos, mas mesmo assim não chegou. Notou-se, no entanto, clara melhoria no que toca aos ataques cruzados de revés, se pensarmos no que tinha acontecido na jornada anterior.
Derrota por 8-11, 6-11 e 7-11.

Mas nem tudo são más notícias. A terceira equipa dos “bombeiros” não teve a mínima hipótese de discutir o jogo com Luís Graça/Jorge Roxo. Não fizeram um único ponto. E Luís Graça/Jorge Roxo também não. Carlos Matos/Pedro Mendes desistiram do campeonato.
As derrotas serviram-nos de lição. Para a próxima deixamos as raquetas em casa e vamos para a mesa equipados de capacetes doirados muito bem areados e machadinhas bem afiadas.
Sempre queremos ver se o GD BV Alverca se atreve a ganhar...

Mudança de grupo. Como ainda só tínhamos três derrotas com as equipas do Caselas FC (ver um post anterior — ‘Caselas não deu goelas’), soube-nos bem jogar mais dois encontros com pares do Caselas.
Primeiro, Amadeu Afonso/José Moreira.
No que toca a Luís Graça, o historial competitivo diz-nos que nunca triunfou face a estes dois adversários nos Singulares. E se os encontros com José Moreira têm vindo a encurtar a distância pontual entre os dois atletas, o inverso acontece com Amadeu Afonso, que despacha Luís Gaça em três penadas.
Jorge Roxo bate-se de igual para igual com qualquer deles.





Este foi o nosso melhor jogo da noite e chegámos a ter a sensação de que a vitória era possível. Perdemos o primeiro “set” por 7-11, devido a alguns erros no final. Atingimos o nosso melhor nível competitivo nos dois “sets” seguintes, em que triunfámos pelo mesmo resultado: 11-9. A vencer por 2-1, não nos podíamos desconcentrar.
A meio do quarto “set” desconcentrámo-nos. E um parcial de 6-11 levou-nos para a “negra”. Em que fomos completamente arrasados, por 3-11. Passado o efeito da surpresa, o adversário subiu de nível e as respostas ao serviço de Amadeu Afonso foram factor determinante na vitória dos adversários.


Para terminar a noite, levámos mais três secos de Adelino Martins/Matos Chaves. E nem sequer nos valeu a amizade do Adelino e o facto de Matos Chaves ter chegado em cima da hora, iniciando o encontro tipo Chilly Willy: completamente frio.
Resultado curto e grosso: 4-11, 5-11, 3-11. Com a dupla adversária a jogar à vontade.
Adelino Martins possui borrachas anti-top e corta totalmente os efeitos de top-spin dos serviços. O que impediu Jorge Roxo de atacar. E se o nosso par apostava em meter a bola na mesa, as ágeis deslocações de Matos Chaves acabavam por concluir os pontos com potentes smashes de direita, muito bem colocados.
Ficámos convencidos. O futebol é assim mesmo.

O relógio caminhava para as 22 horas. Estávamos no pavilhão desde as 19. O Jorge com dores nas costas. Eu cheio de fome, pois viera directo de um workshop de teatro, com José Sanchez Sinistierra.
Curiosamente, até na cave do teatro D.Maria se falou de ténis de mesa. Falou o dramaturgo, referindo-se a diálogos tipo pingue-pongue: falas tu, falo eu, falas tu, falo eu.

Estava na hora de ir para o duche. O banho de ténis de mesa já tinha acabado.

Nos balneários, o prazer da mesa foi tema. Ouvi falar de “massada de cherne”, “o bacalhau estava muito bom, às vezes o cherne enjoa”, em lulas e outros petiscos. Falava-se de almoços, jantares e patuscadas. Combinava-se almoço para o dia seguinte.
Eu e o Jorge já tínhamos enfardado o suficiente e batemos em retirada.
E vamos ver se ele não me dá com a raqueta, depois destes exercícios de escrita.
É bem verdade que eu já fazia as crónicas dos nossos encontros nos campeonatos de Equipas, há uns dez anos. E o Jorge Roxo e o Carlos Domingues riam-se bastante. Mas nessa altura as crónicas não eram públicas...
Funcionavam em fotocópias e era tudo manuscrito.

Hoje o post é dedicado ao Carlos Domingues. Grande jogador e grande amigo. As responsabilidades da tripla paternidade e do trabalho afastaram-no do nosso convívio.
Temos saudades tuas, Carlos.
(Principalmente das vitórias que nos davas)